O DIBUK

A CAL - Casa das Artes de Laranjeiras tem o prazer de apresentar o espetáculo de formatura de mais uma turma de alunos de seu Curso de Qualificação Profissional de Atores.
E com grande satisfação que agora estreamos O Dibuk, de Schalom - An-ski, importance texto judeu, um clássico da literacura dramática Ídiche.
Sob a direção de Stephane Brodt e Ana Teixeira, concluímos esta etapa de formação de nossos alunos e esperamos que todo o trabalho realizado possa ser convertido, com determinação, num permanente exercício da profissão.
Alice Reis, Eric Nielsen, Gustavo Ariani, Hermes Frederico.

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Ambientada em uma comunidade judaica da Europa Oriental, 0 Dibuk, ou Entre dois Mundos, de Schalom An-ski, conca a hist6ria do amor contrariado entre dois jovens de situação social diferentes - Lea, filha de um rico hassidin e Hanan, jovem estudante que se inicia nos mistérios da Cabala.
Evoluindo entre o mundo visível e invisível, 0 Dibuk desenvolve um tema eterno e universal propondo uma reflexão sobre a alma e o seu destino.
O que e feito das vidas que não viveram até o fim, das almas que se foram prematuramente?
Escrita na Rússia em 1911, a história é impregnada de lendas e crenças de um mundo já extinto: o hassidismo, movimento místico fundado por Baal Shem Tov que nasceu no leste europeu no século XIX. Colocando o foco na subjetividade, no ardor e na simplicidade do sentimento religioso, o hassidismo se propagou no seio de uma população marcada pela pobreza e por perseguições.
Mas como materializar um universo tão profundo e vasto, dispondo de poucos recursos materiais? Como resgatar esse mundo remoto para um grupo de jovens atores em final de formação?
Partindo de uma cena vazia e de documentos, como orientação, começamos a improvisar, reinventando os figurinos, o talit, as payes, as barbas, a sinagoga, o tribunal rabínico... Sem compromisso com a realidade histórica. Durante seis meses, revisitamos o hassidismo para encontrar a partir dele uma realidade de teatro.
Pouco a pouco nosso Dibuk se desenhou. Resultado do nosso encontro com esse velho mundo já desaparecido, que não cessou de oferecer um campo fertil para abordar o espaço teatral, aquele que justamente torna indistinta a fronteira entre o visível e o invisível.
Ana Teixeira e Stephane Brodt

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Schalom An-ski
An-ski nasceu em 1863 em Tchachnik (Bielo-Rússia). Judeu pela heredicariedade e pela educação, russo pela voncade de integração, sua obra liceraria carrega a marca dessa dualidade, escrica ora em ídiche, ora em russo, ora cracando de cemas progressiscas, ora de cemas judeus.
Com dezoito anos deixa a sua família para viver com camponeses e mineiros divulgando o pensamento socialisca. Presa pela polícia czarista em 1892, consegue escapar partindo para Berlin e depois para Paris, onde frequenta os socialistas franceses e se interessa pelo folclore. Após 1905, An-ski volta para a Rússia onde desenvolve uma grande atividade no partido social-revolucionário. De 1911 a 1914, se dedica a um trabalho capital que marcaria toda a sua vida - com o músico Joël Engel e o pintor Judowin percorre cerca de setentas comunidades judaicas da Galícia, Volhyniee e Podolie, em busca de folclore. Eles colhem um imenso material: duas mil fotografias, mil e quinhentas canções e jogos, melodias e árias sem palavras, documentos históricos e lendas.
Com a guerra esse trabalho foi interrompido e esse vasto material acabou sendo destruído. Mas foi a partir disso que An-ski escreveu 0 Dibbuk ou Entre dois Mundos. Ele morre em 1920. Um mês depois a peça é representada pela primeira vez.
0 Dibbuk e a única pessoa de Shalon An-ski que sobreviveu até nossos dias. Ela se liga diretamente ao restante de sua obra, à sua cencaciva de compreensão dos costumes do povo judeu, às suas pesquisas te folclore e a sua voncade de salvar os ulcimos cras;os de uma sociedade que iria desaparecer.